mas não parte, dizem
Ando atirada por ventos e vou daqui para ali e da ali
para além, porque a vida provoca a todo o momento correntes de ar, vendavais e
tempestades.
Até casar vivi sempre no meio de vendavais e de tempestades,
a bonança só aparecia quando ia passar uns dias ou uns meses, felicidade
enorme, a casa da minha avó. O casamento trouxe o que parecia uma paz podre e desde o princípio o que não era mau, mas enganei-me. O meu marido, com passes de varinha mágica de
fada, fez-me aprender mais depressa do que tinha acontecido em casa dos meus
pais, porque com os pais pensamos que quando nos vemos livres deles, quando
saímos da casa deles, tudo ficará bem.
Afinal aprendi que era necessário ser agressiva,
áspera, esconder-me para poder sobreviver e para todo o sempre. Fragilidades jamais, ou seriam
exploradas, lágrimas só no escuro e quando ninguém visse e assim aconteceu.
Dobrei até ao chão, mas não sou como o salgueiro, parti
por sobrevivência.
Esbracejei, empurrei, atirei borda fora, entornei a mesa,
subi e trepei pedras, escorreguei em cascalho e gentes, mas fui sobrevivendo em
luta constante.
Estou cansada
No comments:
Post a Comment