e fiquei-me pelas baratas pretas, horríveis que havia na cozinha do 97/2º.
Baratas, como é que as vidas mais baratas podem ser
vividas se todas as pessoas detestam baratas. É pôr-lhes um pé em cima e
pisa-se, sem se pensar duas vezes, alguém. Faz de conta que não as vês, passam
a ser invisíveis as baratas, vidas mais baratas, pessoas mais baratas, baratas
é pôr-lhes um pé em cima a ver se desaparecem.
Assobia para o ar e dás-lhes com a vassoura, varrê-las é
também uma possibilidade mas só depois de estarem mortas, cortes nas pensões,
cortes na saúde, cortes no tempo do fundo de desemprego e no que se recebe
quando lá se cai, cortes no que se recebe quando se está de baixa, vidas muito
mais baratas, tão baratas que são miseráveis, baratas que vão morrer e depois
dá-se-lhes com a vassoura.
O remédio é espalhar baygon e assim são famílias inteiras
de vidas mais baratas que aparecem mortas, todas em fila indiana, nem olhem
para o lado, tudo direitinho e certinho sem levantar suspeitas ele é do frio e
depois do calor e a seguir da gripe.
Baratas, é pôr-lhes um pé em cima
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