21.4.18

SNS

Cá em casa, apesar dos seguros de saúde, chamo-lhes de doença, sempre disse que há três ocasiões em que devemos recorrer ao SNS, nos casos de AVC, nas doenças cardíacas, principalmente se forem urgências e em casos oncológicos recorrer sempre, mas sempre ao IPO em vez de outros hospitais.
Pessoalmente, é uma norma rígida. Não há excepções.

Nenhum de nós dois, até 2017, recorreu alguma vez ao SNS. Eu, por raramente ir a um médico ou fazer exames e quando aconteceu foi através do seguro de doença. Ele, cuidadoso, todos os anos fazia check up, também através do seguro.

Numa cirurgia simples, retirar uma pedra da bexiga, apanha no Hospitalda Luz a bactéria Staphylococcus aureus, cujo grande problema é a alta resistência a antiobióticos. É, pouco se fala nas bactérias hospitalares dos hospitais privados.

No dia 6 de Janeiro de 2017 reentra no H da Luz com uma septicémia avançada. Dois dias depois dizem-nos que tem uma endocardite e que terá de ser operado ao coração para substituir a válvula mitral.
Lá está, coração. Digo que o quero transferir para o Hospital de Santa Cruz em Carnaxide (SNS) e pergunto se não há na Luz algum cirurgião cardio-toxácico que possa arranjar-lhe vaga. Felizmente havia e um dos melhores cirurgiões de Lisboa. Uma sorte.

Esteve 3 meses no Hospital de Santa Cruz em Carnaxide, hospital de excelência e garanto que a Luz tem muito para aprender com este hospital. Em tudo, até na comida dos doentes que na Luz é uma merda.

Isto para dizer, numa altura que tanto se fala do SNS, que o meu homem esteve dois meses a tomar um antibiótico que custava ao hospital 7500€ por cada três dias (não é gralha). Além dos permanente exames, análises, inclusive uma PET que fez perceber que além da encocardite tinha uma osteomielite em duas zonas da coluna e no colo do fémur direito, além de litros e litros de transfusões sanguíneas, de ferro, etc.

Em resumo, esteve 13 meses internado em vários hospitais, fez 5 cirurgias e está agora internado na Misericórdia de Cascais a fazer fisioterapia durante 3 ou 4 meses. Tudo através do SNS. Embora pague o máximo que SNS prevê neste internamento na misericórdia, pago 600€ mês. Os privados pagam, para este tipo de internamento de recuperação, 4000€ mês, nesta mesma misericórdia.

Não temos ideia quanto custamos ao estado quando estamos doentes. É vulgar dizermos que é para isso que pagamos impostos e é verdade.
Adoeceu num privado e por causa desse privado e foi o SNS que o salvou, apesar de também ter feito muitas asneiras graves pelo meio. Mas salvou-o. Salvou-o, mas ficará com uma deficiência na perna direita.
Mas se eu fizer as contas ao que o ‘meu’ custou ao estado, sei que custou mais, muito mais do que todos os impostos que pagámos os dois durante quarenta e três anos.
Isto é só para terem uma ideia.