21.6.15

Sempre quis coisas impossíveis,

cantar, desenhar árvores, poder ir para o Alentejo sentar-me à beira de uma oliveira daquelas que também já não sabem a idade, desenhar-lhe  as rugas que o tempo agreste lhe provocaram no tronco, desenhar-lhe as entranhas que tantas vezes despudoradamente mostram.
Mais tarde quis escrever o que me ia dentro, não para mostrar, para escrever, mas desgraçadamente sou de uma timidez titubeante quase virginal no que ao meu eu diz respeito. Já ouço gargalhadas de quem me conhece, mas o que não sabem é que na verdade não me conhecem, veem a capa, o invólucro, a roupagem que me obrigaram ou que me impus usar, mas do interior nada, das razões nada, das lágrimas nada, dos porquês nada. Não, nunca conseguirei mais do que alinhavar umas quantas frases, porque de mim, nada.
Um dia, disse que pudor não entrava no meu vocabulário e não entra, nem a nível moral nem do corpo, nudez ou sexo.
Mas quanto ao meu eu, razões e porquês o pudor reina.

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