cantar, desenhar árvores, poder ir para o
Alentejo sentar-me à beira de uma oliveira daquelas que também já não
sabem a idade, desenhar-lhe as rugas que o tempo agreste lhe provocaram no tronco, desenhar-lhe as entranhas que tantas vezes
despudoradamente mostram.
Mais tarde quis escrever o que me ia dentro,
não para mostrar, para escrever, mas desgraçadamente sou de uma timidez
titubeante quase virginal no que ao meu eu diz respeito. Já ouço
gargalhadas de quem me conhece, mas o que não sabem é que na verdade não
me conhecem, veem a capa, o invólucro, a roupagem que me obrigaram ou que me impus usar, mas do interior nada, das razões nada, das
lágrimas nada, dos porquês nada. Não, nunca conseguirei mais do que
alinhavar umas quantas frases, porque de mim, nada.
Um dia, disse que
pudor não entrava no meu vocabulário e não entra, nem a nível moral nem
do corpo, nudez ou sexo.
Mas quanto ao meu eu, razões e porquês o pudor
reina.
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