23.1.17

O quarto


Rondou-lhe a cabeceira da cama durante vários dias. Recuou depois mas não abandonou o quarto.
Não é arrogante, não existe vingança. Não é impaciente e muito menos paciente. Não espera, observa. Não é luminosa nem escura. Não tem emoção, tem apenas este poder imenso que lhe confere a dignidade.
Não há luta nem guerra. Também não há entrega.
É densa, tão densa que seria assustadora não fosse o susto já ter morrido.
Sentada estendo o braço para o livro que ela solícita me entrega . Olho-a profundamente e inclino-me quase em vénia perante esse poder. Ela afasta-se para junto da parede.
Velamos as duas quem está na cama.
Ao fim do dia sou obrigada a retirar-me.
Ela fica.

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